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sábado, 31 de março de 2012

A voz de Lula

Ruth de Aquino, ÉPOCA
“Se eu perdesse a voz, estaria morto ”. A entrevista do ex-presidente ao jornal Folha de S.Paulo dá a medida do drama que Lula viveu nos últimos seis meses. É um depoimento dramático, emocionado, a seu estilo.
Sobre o tratamento: “Eu vim com um tumor de 3 centímetros e de repente estava recebendo uma bomba de Hiroshima dentro de mim. Preferia entrar em coma”.
Sobre a morte: “Tem gente que fala que não tem medo de morrer, mas eu tenho. Se eu souber que a morte está na China, vou para a Bolívia”.
A voz, mais que o olhar, é fundamental para persuadir o outro, diz o psicanalista Joel Birman. “Para um líder político, a voz é ainda mais que isso. É um instrumento insubstituível para tocar as emoções, os sentimentos e os desejos do interlocutor e da massa.”
Do ponto de vista simbólico e real, a perda da voz seria a perda da condição de liderança de Lula. Pelo ângulo da psicanálise, diz Birman, “perder a voz seria para Lula uma experiência de castração absoluta”. Ele se tornaria “um morto-vivo”.
O presidente que cometeu mais gafes na história do Brasil conseguia quase sempre roubar a cena ao abrir a boca. Num palanque regional ou num congresso internacional.
Para políticos administradores, de gabinete, a voz não tem esse poder, é mais acessória. Para Lula, um presidente com 80% de popularidade, é diferente. Sua voz rouca, com erros de português, metáforas de futebol e piadas do povão, era o elo com a massa, na versão do sindicalista exaltado ou do lulinha paz e amor.
O Brasil teve outros oradores inflamados. Carlos Lacerda foi um deles, mas se expressava com vigor também pela escrita. Lula não. Exerce uma liderança oral.
A maioria da população brasileira não domina a palavra escrita. O brasileiro lê em média quatro livros por ano – e não todos por inteiro. Num país assim, a voz é hipervalorizada como capital político.
“A fala é todo-poderosa num país com tantas carências na educação. Vivemos, entre aspas, um analfabetismo nacional”, diz Birman.
Leia a íntegra em A voz de Lula

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