Os fascistoides estão nas ruas. Ou: Dilma saiu da VAR-Palmares; precisa agora deixar claro que a VAR-Palmares saiu de Dilma
Ontem, o PC
do B, que tem um ministério no governo Dilma Rousseff — e sou justo:
Aldo Rebello (Esportes) fez um excelente trabalho quando relator do
Código Florestal na Câmara —, levou ao ar trechos do seu programa no
horário político gratuito. É uma peça patética, que não resistiria a uma
abordagem minimamente objetiva. O programa inteiro vai ao ar hoje.
Segundo a versão tornada pública, o partido está, desde sempre,
comprometido com a democracia. Explorou-se até a figura de Luiz Carlos
Prestes. Não sei se houve algum entendimento com a família do líder
comunista. O fato é que o PC do B que está aí hoje deriva justamente da
linha que havia rompido com… Prestes! Assistiu-se a uma soma formidável
de mentiras, de retórica oca, de vigarices intelectuais. O pior momento,
certamente, é aquele em que o PC do B tenta afetar sua pureza e rigidez
ideológicas. Se estivesse agarrado a seu credo original, seria péssimo.
Mas isso também é mentira. É hoje um partido fisiológico de esquerda,
como qualquer outro, que vai se alimentando de carguinhos e de dinheiro
público. O escândalo das ONGs, no ano passado, ilustra bem o que quero
dizer. Mas não vou me me perder nesse particular porque o objeto deste
texto é outro.
Lembrei o
caso do PC do B porque foi o partido que protagonizou a guerrilha do
Araguaia. Jamais teve compromisso com a democracia. É de tal sorte
admirador da ditadura comunista que, atenção!, até hoje não reconhece o
processo de desestalinização da União Soviética. Krushev segue sendo,
para eles, um algoz do socialismo. Gostam mesmo é de Stálin e seus
métodos. Nota: a URSS acabou, como vocês sabem, mas o amor do PC do B
pela tirania permanece. Não obstante, O PARTIDO É LIVRE PARA
RECONSTITUIR A HISTÓRIA COMO QUISER. Como o comunismo perdeu a batalha
no país, temos democracia e liberdade.
A própria
presidente Dilma Rousseff é beneficiária desses valores. Ex-membro de
dois grupos terroristas, o Colina (Comando de Libertação Nacional) e a
VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), também ela,
aqui e ali, em seus discursos, reconta o passado como lhe dá na telha e
exalta aquela juventude — qual mesmo??? — que teria lutado por
democracia. Falso! Tão falso quanto afirmar que ela cumpriu a promessa
de construir 1.700 creches em 2011. No livro “Combate nas Trevas”, o
historiador comunista Jacob Gorender cita justamente o Colina como um
grupo que assumia claramente uma perspectiva terrorista. E o mesmo se
diga da VAR-Palmares, que surgiu justamente da fusão daquela primeira
organização a que pertenceu Dilma com a VPR (Vanguarda Popular
Revolucionária), de Carlos Lamarca. Juntos e em associação com outros,
os três grupos mataram dezenas de pessoas que nem sequer tinham ligação
com a luta política. Consta que Dilma, pessoalmente, não matou ninguém.
Mas pertencia ao comando — inclusive cuidando de parte da grana — de
grupos que mataram. Isso é inequívoco. Como é inequívoco que Colina, VPR
ou VAR-Palmares jamais quiseram democracia.
Não
obstante, Dilma tem a liberdade, que ela não ajudou a construir, de
contar a história como lhe dá na telha. Mais: deu força à criação de uma
tal Comissão da Verdade que, vejam vocês!, para escândalo de qualquer
acadêmico honesto da área (ainda que crítico ferrenho do regime
militar), vai definir uma “verdade histórica oficial”, uma verdade de
estado. Isso é autoritário em sua própria natureza. Dilma não só
mistifica o próprio passado como nomeia pessoas que seguem a sua trilha,
a exemplo de Eleonora Menicucci, ministra das Mulheres. Ex-membro do
POC (Partido Operário Comunista), também ela — assaltante confessa, no
passado, para financiar “a revolução” — afirmou no discurso de posse ter
sido uma jovem empenhada na construção da democracia.
A
democracia, no Brasil, virou a água benta do pecador compulsivo que
entra numa igreja. Todo mundo pode meter a mão lá e se persignar, o que
não quer dizer que esteja com a alma e com o passado limpos. Não mesmo!
Mas a democracia permite a Dilma, a Eleonora e ao PC do B contar a sua
própria versão da história. Não deveria permitir, mas está sendo feito,
que essa história distorcida virasse história oficial. Então vamos ao
ponto.
Por que o
Clube Militar não pode fazer um seminário sobre 1964? O objetivo não era
exatamente “comemorar” o golpe, como se está dizendo por aí, mas
abordar o período segundo uma ótica, estou certo, que não é exatamente a
da esquerda. O Clube Militar é, como o nome diz, um clube, uma entidade
associativa. Mais ainda: já vimos que a lei garante aos militares da
reserva o direito de se posicionar sobre temas políticos. Não há
qualquer restrição. Ademais, ninguém estava lá incentivando o golpismo.
Mas quê…
Desde o governo Lula, MAS DE FORMA MAIS ACENTUADA SOB A GESTÃO DILMA, os
revanchistas estão tentando criar confusão e trazer o passado a valor
presente, mas com uma particularidade: UM DOS LADOS, A ESQUERDA, PODE
DIZER DE SEUS ADVERSÁRIOS O QUE BEM ENTENDER, MAS SEUS ADVERSÁRIOS
ESTARIAM PROIBIDOS DE DAR A SUA VERSÃO ATÉ SOBRE SI MESMOS. Entenderam
qual é o busílis? Não só a “verdade” se tornou monopólio de um dos lados
como o próprio direito de se manifestar.
“Ah, mas
onde já se viu falar sobre 1964???” Ora… Onde já se viu Dilma e o PC do B
afirmarem que queriam democracia? O tema debatido lá nesta quinta, de
todo modo, é irrelevante. Sei do que falo. Esse mesmo Clube Militar
promoveu, em setembro de 2010, um debate sobre, pasmem!, “Liberdade de
expressão”. Os convidados a falar éramos eu, Merval Pereira, Paulo Uebel
(Instituto Millenium) e Rodolgo Machado Moura, representante da Abert
(Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão). Ninguém nem
sequer tocou em 1964 ou coisa parecida. Atenção! Ao
mesmo tempo em que debatíamos ali liberdade de expressão, o Sindicato
dos Jornalistas de São Paulo abria suas portas para uma manifestação das
centrais sindicais, que pediam “controle da mídia”. Isto mesmo: no
Clube Militar, falávamos de liberdade de expressão; no Sindicato dos
Jornalistas, defendiam a censura. Pois bem: também naquele caso,
adivinhem quem apareceu para protestar… A Juventude Socialista! Contei a
história aqui.
Há três
dias, hordas sob o comando do MST — evidência omitida pelos jornais —
saíram perseguindo pessoas por aí e pichando suas casas e local de
trabalho sob o pretexto de pedir a instalação da Comissão da Verdade.
Isso é “justiça de rua”, é fascismo. Agora, um bando decide agredir e
xingar os militares da reserva, que têm o direito legal de debater o que
lhes der na telha. Ninguém estava lá conspirando contra a ordem e
pregando golpe de estado. Tais ações estão sendo claramente
incentivadas, instigadas e, na prática, apoiadas pelo governo federal.
Consta que havia 350 baderneiros por lá. Não será difícil, a persistir
esse estado de coisas, encontrar outras 350 dispostas a defender os que
estão sendo caçados e cassados ao arrepio da lei.
O que quer Maria do Rosário?
O que quer Dilma Rousseff?
O confronto de rua?
O que quer Dilma Rousseff?
O confronto de rua?
Dilma já tem
problemas demais para resolver e está, lentamente, dando comida para
alguns monstrinhos que estavam guardados na gaveta. Uma intervenção
militar hoje em dia seria, felizmente, impensável! Nem por isso as
forças que odeiam a democracia hoje, como a odiavam no passado, estão
livres para promover seus “justiçamentos” ao arrepio da lei. Se a
instituições estiverem tão corroídas a ponto de não poderem reagir, não
tenham dúvida de que a sociedade, um pedaço dela ao menos, reage.
A presidente
tem de fazer a escolha entre a democracia e a guerra de todos contra
todos. Ela já saiu da VAR-Palmares faz tempo — por isso não permito que
seja chamada de “terrorista” aqui. Falta agora demonstrar que a
VAR-Palmares também saiu de Dilma. Há hoje um claro incentivo à baderna
que emana do Palácio do Planalto. E isso tem de acabar. Em nome da lei e
da Constituição!
É com elas
que Dilma governa, não com seu passado supostamente glorioso. Até porque
ele é controverso. Os familiares das vítimas do Colina e da
VAR-Palmares sabem disso muito bem.
Tags: militares
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