Minha lista de blogs

sábado, 31 de março de 2012


EM VEJA – Um senador desce aos infernos. Ou: Investigação esbarra no governo petista do Distrito Federal e no governo tucano de Goiás

A edição desta semana traz uma reportagem de Rodrigo Rangel sobre as relações do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Há trechos inéditos das conversas entre os dois. Mas não só isso. Há indícios de que a máfia tem ramificações nos governos do Distrito Federal, comandado pelo petista Agnelo Queiroz, e de Goiás, do tucano Marconi Perillo. Leiam trecho da reportagem.
DIÁLOGO GRAVADO EM 14 DE ABRI L DE 2011
Demóstenes novamente presta favores a Cachoeira e seus amigos. Desta vez, ao receber pedido para solucionar uma demanda de um colega do contraventor no Ibama, ele oferece uma solução ainda melhor: ir por cima e conversar direto com a ministra do Meio Ambiente, com quem diz ter uma relação muito boa.
Cachoeira - O Rossini vai tá aí amanhã pra ir lá no Ibama.
Demóstenes - Uai, tranquilo!
(…)
Cachoeira - No Ibama. Já tá marcado lá. Você podia acompanhar ele lá.
Demóstenes - Ah, tá. Que horas?
Horas depois, a dupla volta a tratar do assunto:
Demóstenes -
Tô achando que este trem de Ibama não vai resolver nada pra ele, não. Tô às ordens, mas acho que é melhor ir por cima. Eu tenho acesso bom à ministra.
Cachoeira -
À ministra?
Demóstenes -
Ministra! A ministra lá do Meio Ambiente. O Ibama é subordinado a ela, uai!
Cachoeira - Agora. Vou falar pra ele te chamar aí. Obrigado aí!
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito para investigar Demóstenes. “Meu cliente é vítima de uma investigação ilegal”, afirma o advogado do senador, Antonio Carlos de Almeida Castro. A investigação promete causar danos também em outras frentes. Os grampos telefônicos põem na cena da máfia os governos de Brasília, comandado por Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, controlado por Marconi Perillo (PSDB).
Em Brasília, as escutas indicam que o grupo tinha acesso ao gabinete de Agnelo. Inclusive para fazer indicações políticas. “Esse documento aí é para botar na mão do Marcelão (…) Ele vai direto no gabinete do governador”, diz o araponga Idalberto Matias, o Dadá, um dos capangas de Cachoeira. “São os nomes que a gente quer”, afirma. O governador Agnelo negou a VEJA qualquer relação com a tropa de Cachoeira.
Em Goiás, as investigações mostraram que o ponto de contato entre Cachoeira e o governador Marconi Perillo era um ex-vereador de Goiânia. Também lá o contraventor decide nomeações - e diz até que cargos cada indicado vai ocupar e quanto vai ganhar. O governador de Goiás também nega ligação com Cachoeira e diz que combate “toda sorte de crimes e contravenções”.
Por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário:

Postar um comentário