Anúncio da “cura” do câncer de Lula e vídeo fazem parte da “Operação Salva Gugu-Haddad”
A
volta de Lula estava prevista para meados de abril, ali caminhando para
o fim. O anúncio do “desaparecimento” do tumor feito pelos médicos ou
da “cura”, feito pelo próprio Apedeuta, faz parte de uma operação
política de emergência, que batizo aqui de “Operação Salva Gugu-Haddad”.
Os petistas avaliavam que sua candidatura estava se esfarelando.
O partido
detectou em certas áreas uma espécie de movimento “Volta-Marta”. Ocorre
que tal volta é considerada impossível porque seria contrariar a vontade
do predestinado, admitindo que Kim Jong-Lula pode cometer erros.
Impossível! Para Gugu-Haddad, seria também uma humilhação. Pelos
cantos, os petistas se dizem surpresos com a ruindade do “pré-candidato”
escolhido pelo Estimado Líder. “O povo não entende o que ele fala”,
resume um deles. “É muito lento”, avalia um outro.
Mas só a
ruindade de Haddad não explica tudo. O clima de rebelião na base também
conta. E São Paulo será sempre um bom lugar para dar o troco. Mais
ainda: partidos que estão no arco de sustentação do governo federal
também integram alianças no Estado e na capital. As seções paulista e
paulistana dessas legendas não estão dispostas a abrir mão do certo pelo
que consideram mais do que duvidoso.
E Haddad
estava se mostrando um projeto impossível. Por enquanto, ele não tem nem
eleitores nem aliados. Sua única garantia era Lula, temporariamente
fora de combate. As articulações, conversas e promessa de aliança, não
obstante, estão em curso. E era preciso tentar frear tudo isso, meter o
pé do breque, dar um solavanco.
E foi o que
se fez nesta quarta. O que poderia ter sido — E DEVERIA TER SIDO,
SEGUNDO O DECORO DA MEDICINA E DA POLÍTICA — uma nota técnica virou numa
grande operação política: a “Operação Salva Gugu-Haddad”, com o vídeo
mais do que eloquente, em que Lula avisa: “Estou voltando”.
Se está,
então que se congele tudo. Convém, é o recado implícito, não fechar
alianças desde já, não apalavrar nada, não fazer compromissos. Quando
Lula voltar é que o jogo vai começar para valer. Só Lula pode fazer o
milagre, outro milagre, de tornar Fernando Haddad um candidato viável.
Não é só
isso. A operação foi deflagrada um dia depois de vir a público a foto em
que Lula aparece ao lado de Fernando Henrique. Nas alas mais heavy
metal do PT, isso foi considerado um erro. O Lula como figura acima das
divergências perde muito de seu poder de fogo. Ele tem de continuar a
ser o líder do “nós” (eles) contra “eles” (nós). O jogo petista continua
o de sempre: aniquilação do outro, e não convivência com a divergência,
segundo as regras da democracia.
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