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sábado, 24 de março de 2012

Venenos e toxinas

Marcos Aurélio Nogueira, O Estado de S.Paulo
Um clima de crise política ronda Brasília. Bastou o governo Dilma Rousseff deslocar algumas peças no tabuleiro para a temperatura subir e a base parlamentar que apoia o Palácio do Planalto mostrar sua fragilidade.
Não se trata de crise aguda ou que afete o sistema nervoso central do governo.
Há mais mal-estar do que crise propriamente dita. Um mal-estar sem data para desaparecer, pois não há, no horizonte de curto e médio prazos, nada que se possa fazer para gerar distensão.
Tem perfil sistemático, associando-se intimamente ao modo como vêm sendo organizadas as atividades governamentais e a política no País. É puramente político, porque não necessita da interferência de nenhum outro fator para se manifestar.
Afinal, não há desarranjo econômico, ameaça inflacionária ou aumento do desemprego, o governo governa, os movimentos sociais não estão na ofensiva. Os grandes temas da agenda - a Lei Geral da Copa e o Código Florestal, por exemplo - exigem coordenação adicional do governo, mas não são daqueles que dividem a sociedade.
A turbulência é política, mas não se deve às oposições, que desapareceram do cenário, engolidas por seus próprios dilemas.
Eclode, evolui e se mantém porque a política chegou a um nível tão baixo, tão ruim, que passou a liberar somente gases tóxicos e venenos. O ar ruim e as toxinas incomodam e debilitam a sociedade, mas não geram revolta social.
Contaminam, antes de tudo, o próprio sistema político e seus integrantes, empurrando-os escada abaixo.
O sistema fechou-se em si, como numa redoma. Alimenta-se de seus próprios produtos e respira um ar que circula represado, sem contato com o exterior.
Funciona como se não existisse vida fora dele. Os interesses políticos tornaram-se interesses dos políticos, de suas agendas e organizações. E como o governo é parte do sistema, é difícil para ele conseguir libertar-se desse abraço de urso, pagando um preço por isso.
O mal-estar cresceu porque em março entraram em cena, de modo forte, três fatores decisivos.
Leia a íntegra em Venenos e toxinas

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