O mensaleiro João Paulo Cunha já procurou cinco ministros do Supremo
Por Carolina Brígido e Roberto Maltchick, no Globo:
Réu no processo do mensalão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) bateu pessoalmente à porta do Supremo Tribunal Federal (STF). Pediu audiência a cinco ministros. Por enquanto, foi recebido por Dias Toffoli em seu gabinete na semana passada. O ministro confirmou o encontro, mas alegou que o parlamentar o procurou na condição de integrante da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Teria ido apenas para entregar o relatório final da comissão de juristas que estuda mudanças no Código Penal. Porém, João Paulo não relata a comissão, nem recebeu missão para representá-la no STF.
Réu no processo do mensalão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) bateu pessoalmente à porta do Supremo Tribunal Federal (STF). Pediu audiência a cinco ministros. Por enquanto, foi recebido por Dias Toffoli em seu gabinete na semana passada. O ministro confirmou o encontro, mas alegou que o parlamentar o procurou na condição de integrante da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Teria ido apenas para entregar o relatório final da comissão de juristas que estuda mudanças no Código Penal. Porém, João Paulo não relata a comissão, nem recebeu missão para representá-la no STF.
Perguntado
se trataram do mensalão, Toffoli garantiu que não. Disse que o
interlocutor sequer puxou o assunto. Questionado sobre o motivo do
encontro, João Paulo reagiu como se o conteúdo da conversa não devesse
ser divulgado. O GLOBO perguntou se fora tratar de algum projeto de lei,
João Paulo Cunha respondeu com uma gargalhada: “Para esse assunto (o
julgamento do mensalão), o GLOBO não me ouve. Sobre esse assunto eu não
vou falar. Não tenho razão. Posso falar de outra coisa”, disse o
deputado, após ser insistentemente questionado sobre o motivo da visita
ao gabinete de Toffoli.
O
parlamentar tem uma audiência marcada com o ministro Celso de Mello. A
assessoria do ministro não divulgou quando será. Nesta terça-feira à
tarde, a assessoria de João Paulo telefonou ao gabinete de Carlos Ayres
Britto para pedir uma audiência. O ministro assumirá a presidência do
tribunal na quinta-feira - e, espera-se, presidirá o julgamento do
mensalão. Por falta de disponibilidade na agenda, o encontro não foi
marcado. Mas não houve recusa em agendá-lo para adiante.
Recentemente,
a assessoria do deputado também procurou o gabinete de Marco Aurélio
Mello. A audiência não foi marcada por falta de horário disponível. O
mesmo ocorreu no gabinete de Luiz Fux. As assessorias dos gabinetes
informaram que o parlamentar não revelou o motivo do encontro.
Questionados pelo GLOBO, os demais ministros ou suas respectivas
assessorias negaram ter sido procurados pelo parlamentar para o mesmo
fim.
Às vésperas
do julgamento do mensalão, que deve ocorrer ainda neste semestre, ainda é
uma incógnita a participação de Dias Toffoli na votação. Isso porque,
entre seus colegas, paira a certeza que ele estaria impedido para julgar
o caso. Há dois motivos. Um deles, porque à época do suposto mensalão,
Toffoli era assessor jurídico na Casa Civil, subordinado do então
ministro-chefe da pasta, José Dirceu, um dos 38 réus no processo.
Toffoli e Dirceu eram amigos e costumavam frequentar as casas um do
outro em eventos festivos.
O outro
motivo é que a companheira de Toffoli, a advogada Roberta Rangel, atuava
na defesa do ex-deputado Professor Luizinho, para quem fez sustentação
oral no STF quando foi julgada a denúncia do Ministério Público contra
os acusados, em agosto de 2007. À época, Roberta e Toffoli atuavam no
mesmo escritório de advocacia. Hoje, Roberta não defende mais nenhum réu
no processo. Mesmo diante dos fatos, Toffoli não declarou ainda se
participará ou não do julgamento.
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Tags: João Paulo Cunha, Mensalão
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