Líder do governo na Câmara deixa clara a aposta numa CPI de alcance limitado
Tudo
bem… Ninguém espera que o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), afirme que há o risco de a CPI do Cachoeira respingar no
Planalto. Mas também é uma desnecessidade dizer o contrário, negar essa
possibilidade, mesmo ele sendo quem é. Torna suspeita a investigação.
Ao Estadão Online,
Chinaglia afirma, ao responder sobre a possibilidade de a apuração
chegar ao governo: “Não creio. Estamos bastante seguros do tipo de
governo que a presidente Dilma Rousseff tem feito”. É uma declaração, em
si, boboca, mas que, casada à indicação do relator, Odair Cunha
(PT-MG), revela uma estratégia. Vamos ver.
A
investigação JÁ CHEGOU ao governo federal, ora essa! E chegou por
intermédio da Delta, cujo papel no esquema Cachoeira vai se revelando
muito maior do que parecia à primeira vista. E a Delta é quem é, não dá
para negar: a empresa que mais recebe dinheiro das obras do PAC. Seus
métodos nada ortodoxos já tinham ficando evidentes numa investigação
feita pela Polícia Federal em 2010, no Ceará. Depois disso, a empresa
celebrou quase R$ 800 milhões em novos contratos.
Chinaglia
acha que o papel da CPI é investigar as ramificações do esquema
Cachoeira e suas conexões com o senador Demóstenes Torres (sem
partido-GO) e pronto! Huuummm… Será preciso antes combinar com o russo —
no caso, Demóstenes. Eu duvido que Cachoeira, como se diz por aí,
decida “contar tudo”. Não é assim que as coisas funcionam no seu ramo de
negócios. Vamos ver se Demóstenes aceita o papel de bicho-papão, arca
com as consequências calado e aceita expiar pecados que são de uma
legião, não apenas seus. Curiosamente, hoje, o governo quase implora
para que ele aceite esse papel.
Chinaglia
está fazendo claramente a defesa de uma CPI de alcance limitado. Para
que seja assim, a Delta tem de sair do centro das atenções. Como se
opera isso? É o que vamos ver. Uma coisa é certa: o assanhamento dos
mensaleiros, que viram na CPI a chance de inventar a teoria
conspiratória segundo a qual tudo não teria passado de uma armação de
Cachoeira, deu com os burros n’água. Acabou sobrando aos governistas a
tarefa de fingir que tudo estará sendo investigado, porém sem investigar
nada.
Para quem entrou nessa prometendo a grande vingança, houve uma mudança e tanto.
PS - Os
petistas mais ligados ao Planalto venceram o primeiro round. A escolha
do relator também revela a aposta na estratégia de redução de danos.
Vamos ver se Dilma consegue manter sob controle a turma da chicana.
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