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terça-feira, 24 de abril de 2012


Líder do governo na Câmara deixa clara a aposta numa CPI de alcance limitado

Tudo bem… Ninguém espera que o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirme que há o risco de a CPI do Cachoeira respingar no Planalto. Mas também é uma desnecessidade dizer o contrário, negar essa possibilidade, mesmo ele sendo quem é. Torna suspeita a investigação.
Ao Estadão Online, Chinaglia afirma, ao responder sobre a possibilidade de a apuração chegar ao governo: “Não creio. Estamos bastante seguros do tipo de governo que a presidente Dilma Rousseff tem feito”. É uma declaração, em si, boboca, mas que, casada à indicação do relator, Odair Cunha (PT-MG), revela uma estratégia. Vamos ver.
A investigação JÁ CHEGOU ao governo federal, ora essa! E chegou por intermédio da Delta, cujo papel no esquema Cachoeira vai se revelando muito maior do que parecia à primeira vista. E a Delta é quem é, não dá para negar: a empresa que mais recebe dinheiro das obras do PAC. Seus métodos nada ortodoxos já tinham ficando evidentes numa investigação feita pela Polícia Federal em 2010, no Ceará. Depois disso, a empresa celebrou quase R$ 800 milhões em novos contratos.
Chinaglia acha que o papel da CPI é investigar as ramificações do esquema Cachoeira e suas conexões com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e pronto! Huuummm… Será preciso antes combinar com o russo — no caso, Demóstenes. Eu duvido que Cachoeira, como se diz por aí, decida “contar tudo”. Não é assim que as coisas funcionam no seu ramo de negócios. Vamos ver se Demóstenes aceita o papel de bicho-papão, arca com as consequências calado e aceita expiar pecados que são de uma legião, não apenas seus. Curiosamente, hoje, o governo quase implora para que ele aceite esse papel.
Chinaglia está fazendo claramente a defesa de uma CPI de alcance limitado. Para que seja assim, a Delta tem de sair do centro das atenções. Como se opera isso? É o que vamos ver. Uma coisa é certa: o assanhamento dos mensaleiros, que viram na CPI a chance de inventar a teoria conspiratória segundo a qual tudo não teria passado de uma armação de Cachoeira, deu com os burros n’água. Acabou sobrando aos governistas a tarefa de fingir que tudo estará sendo investigado, porém sem investigar nada.
Para quem entrou nessa prometendo a grande vingança, houve uma mudança e tanto.
PS - Os petistas mais ligados ao Planalto venceram o primeiro round. A escolha do relator também revela a aposta na estratégia de redução de danos. Vamos ver se Dilma consegue manter sob controle a turma da chicana.
Por Reinaldo Azevedo

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