NO CIRCO LIBANÊS, Lula e Sarney tentam dar as cartas na CPI que será criada nesta quinta; Dilma continua a ser tratada como coadjuvante
Não é por
acaso que já se recorre por aí a um trocadilho para designar o hospital
Sírio-Libanês, uma dos mais importantes do país: “Circo Libanês”. É no
que Lula transformou a instituição ao fazer dele uma espécie de gabinete
pessoal. Com a concordância da direção da instituição, supõe-se. Hoje,
quando alguém cita o nome do hospital, a última coisa nos vem à cabeça é
medicina.
Lula, como
vocês lerão abaixo, está atuando como se fosse ele o presidente da
República. Depois de ter atropelado a presidente Dilma e tomado decisões
sem nem sequer consultá-la, tenta agora orientar a ação não só do PT —
onde é líder inconteste —, mas também do PMDB. Cuida da base aliada.
Essa é uma tarefa do governo Dilma e de sua coordenação política.
Em certo
sentido, Lula estimulou a criação de uma CPI também contra Dilma à
medida que a desmoraliza como liderança. Leiam o que informa Cristiane
Jungblut, no Globo:
A mais de
mil quilômetros de Brasília, a dupla formada pelo ex-presidente Lula e
pelo presidente do Senado, José Sarney, está orientando a estratégia da
CPI Mista do Cachoeira - que será criada nesta quinta-feira no
Congresso, em sessão marcada para às 10h30m, pela vice-presidente do
Congresso, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES). Nesta quarta-feira, Lula e
Sarney, em tratamento no Sírio-Libanês, receberam mais um grupo de
políticos do PMDB. O mesmo Lula que incentivou a criação da CPI, a
despeito dos alertas do próprio PMDB e de setores do PT, deu uma ordem
expressa: os dois maiores partidos da base devem se unir e usar a
maioria para blindar o governo Dilma Roussef e não deixar que a CPI
respingue no Planalto.
Estiveram
nesta quarta-feira com Lula e Sarney no hospital o vice-presidente da
República, Michel Temer, o presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), o
líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e o ministro da
Previdência, Garibaldi Alves. Na segunda-feira, Lula e Sarney - que já
anunciou uma licença médica de 15 dias - receberam os líderes no Senado
do PMDB, Renan Calheiros (AL), e do PTB, Gim Argelo (DF), e o do governo
na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), além do ex-líder Cândido
Vaccarezza (PT-SP).
Segundo
relato de um dos participantes da reunião desta quarta-feira, Lula, ao
discutir a estratégia, mostrou preocupação com o direcionamento que a
oposição pretende dar, priorizando as investigações na empreiteira Delta
e no ex-ministro José Dirceu. Pediu que PT e PMDB usem a maioria para
tratorar e impedir a aprovação de “requerimentos inconvenientes”.
“Temos que
usar a maioria para evitar o que for inconveniente. Vocês têm que unir
os partidos aliados, colocar gente de confiança nos postos-chave, e não
podem deixar que a CPI desvie do foco e contamine a área do governo”,
orientou Lula, conforme relatou ao GLOBO um dos interlocutores da dupla.
CPI só deve ser instalada na quarta
Na análise feita no que já está sendo chamado de o “QG do Sírio”, Lula avaliou que o foco vai ficar restrito ao Centro-Oeste: os governadores Marconi Perillo (PSDB), de Goiás; Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e outros envolvidos com o esquema de Cachoeira. Um dos presentes alertou: “O único risco é estourar alguém via Delta”.
Na análise feita no que já está sendo chamado de o “QG do Sírio”, Lula avaliou que o foco vai ficar restrito ao Centro-Oeste: os governadores Marconi Perillo (PSDB), de Goiás; Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e outros envolvidos com o esquema de Cachoeira. Um dos presentes alertou: “O único risco é estourar alguém via Delta”.
Politicamente,
os partidos querem, com o ato desta quinta-feira, dar uma sinal de que a
CPI não ficará no papel. Mas os líderes têm até terça-feira para
indicar seus representantes. Assim, a CPI só deve ser instalada na
próxima quarta-feira. A realização da sessão foi acertada em reunião de
Rose de Freitas, à tarde, com os líderes dos partidos. “Espero que todos
compareçam. A tradição das CPIs é de muita eficiência nesta Casa. E
esta foi criada em tempo recorde, com a coleta das assinaturas. Por
isso, não acredito que os líderes fizeram tudo isso para fazer uma
encenação. Há fatos concretos para serem investigados. Acredito que na
quarta-feira a CPI seja instalada”, disse a deputada.
Segundo a
Secretaria Geral da Mesa do Senado, que confere as assinaturas, a CPI
contava com o apoio de 70 senadores e 337 deputados, sendo que mais 24
deputados estavam tendo suas assinaturas checadas. Os parlamentares têm
até a meia-noite da data de leitura do requerimento, portanto,
meia-noite desta quarta-feira, para retirar assinaturas ou aderir ao
pedido.
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