Uma foto para a história da impostura e delírio megalonanico
Luiz
Inácio Apedeuta da Silva dava a impressão de saber tudo, mas tendia a
delegar decisões nas áreas em que sabia que não sabia. Dilma Rousseff,
nesse particular, é mais temerária. É menos falastrona, sim, do que o
antecessor, mas, atenção para o sentido das palavras!, ela ignora o
quanto não sabe. No caso do Mercosul, seu voluntarismo vai além da
imprudência já conhecida do Itamaraty nos tempos petistas.
No alto,
vemos a foto que celebra a entrada da Venezuela no Mercosul, uma decisão
flagrantemente ilegal, que viola a essência do tratado. Uma foto para
entrar para a história da impostura. O Paraguai está suspenso, mas
continua membro do grupo. Dilma Rousseff e Cristina Kirchner deram um
golpe naquele país. Olhem lá: um tiranete perigoso (Hugo Chávez), uma
doida que agora convoca presidiários para seus comícios e que marcha
para o fascismo dos pampas (Cristina Kirchner), um esquisitão que
pretende estatizar a maconha (José Mujica, presidente do Uruguai) e…
Dilma Rousseff.
Abaixo, vocês leem trecho de reportagem de Lisandra Paraguassu, Tânia Monteiro e Rafael Moraes Moura, no Estadão.
Dilma parece estar entrando na fase de negação da realidade. O Mercosul
do Caribe ao extremo sul das Américas é só um delírio megalonanico. É
“megalo” porque pretende emprestar à coisa uma grandeza que não terá. E é
“nanico” porque há nisso a ambição de rivalizar com os Estados Unidos.
Há também
um problema de lógica. Se a cláusula do Mercosul impede que seus membros
celebrem acordos bilaterais fora dos interesses dos bloco, os
potenciais candidatos teriam de fazer uma escolha, abrindo mãoe dos
acordos já celebrados. Caso pudessem conciliar as duas coisas, por que
isso não valeria também para os antigos integrantes? Nesse caso, então,
um Mercoul do Caribe para baixo seria o mesmo que Mercosul nenhum. Leiam
trecho de reportagem do Estadão:
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Quatro presidentes anunciaram nesta terça-feira, 31, em Brasília que o Mercosul agora tem cinco integrantes. Questionado sobre o peso da ausência do Paraguai na ampliação, o líder do mais novo membro do bloco, Hugo Chávez, disse que não houve oportunismo político no ingresso venezuelano. O país passou a integrar o grupo só depois da suspensão paraguaia, sob alegação de que o impeachment do presidente Fernando Lugo, há 40 dias, contrariou uma cláusula democrática do bloco.
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Quatro presidentes anunciaram nesta terça-feira, 31, em Brasília que o Mercosul agora tem cinco integrantes. Questionado sobre o peso da ausência do Paraguai na ampliação, o líder do mais novo membro do bloco, Hugo Chávez, disse que não houve oportunismo político no ingresso venezuelano. O país passou a integrar o grupo só depois da suspensão paraguaia, sob alegação de que o impeachment do presidente Fernando Lugo, há 40 dias, contrariou uma cláusula democrática do bloco.
Questionado
pelo Estado se a Venezuela não havia aproveitado uma brecha para
ingressar no Mercosul, Chávez respondeu: “De maneira nenhuma. Suponha
que, em um jogo de futebol, suspenderam o Pelé por uma falta e deram-lhe
cartão vermelho. E aí o Brasil não pode marcar os gols necessários para
ganhar uma partida. E alguém diz, ‘Mas o Pelé não jogou’. Bom, o Pelé
estava suspenso. O Paraguai está suspenso, não é parte do Mercosul
agora”, disse.
Em um
encontro fechado de quase duas horas, a presidente Dilma Rousseff e seus
colegas do Uruguai, José Mujica, da Venezuela, Chávez, e da Argentina,
Cristina Kirchner, discutiram os próximos passos da integração
venezuelana e a situação paraguaia. Dilma aproveitou para reforçar sua
intenção de ampliar cada vez mais o Mercosul – uma ideia que ganhou
apoio explícito de José Mujica.
Apesar dos
empecilhos jurídicos, Dilma quer discutir uma forma de atrair novos
membros fortes para o Mercosul, de olho especialmente em Colômbia, Chile
e Peru. Os três trariam mais de US$ 1 trilhão ao Produto Interno Bruto
do bloco. No entanto, todos têm hoje acordos de livre comércio com os
EUA, o que impede sua entrada no Mercosul.
“O que
podemos examinar é se podemos criar mecanismos que aprofundem a
possibilidade de países que não estão formalmente nas normas do Mercosul
possam estar”, afirmou o assessor especial da Presidência, Marco
Aurélio Garcia.
Para o
Itamaraty, juridicamente, essa mudança é impossível. Entre os
presidentes, no entanto, essa impossibilidade não é tão categórica. Em
seus discursos, a entrada venezuelana foi tratada como uma questão de
sobrevivência econômica do bloco – dando a entender que ocorreria de
qualquer forma, e não é consequência direta da suspensão paraguaia. “O
que não cresce, perece. Estamos obrigados a buscar uma incidência maior
do que a de hoje”, defendeu o presidente uruguaio. “Temos de buscar
formas inteligentes de incorporar. Temos de abrir a cabeça, porque
quando a coisa está demasiadamente fechada, rígida, cheia de regras, não
funciona.”
“Há tempos
desejamos um Mercosul ampliado em suas fronteiras e com capacidades
acrescidas”, afirmou Dilma. “Foi com esse propósito que assinamos, em
2006, o Protocolo de Adesão da Venezuela ao Bloco, instrumento que
entrará em vigor formalmente no dia 12″, completou. Os candidatos hoje a
uma vaga no Mercosul são Bolívia, Equador, Suriname e Guiana. Juntos,
os quatro países acrescentariam apenas US$ 200 bilhões ao PIB do bloco.
Dilma gostaria, também, de mercados mais ativos.
“O governo
brasileiro, assim como os demais países que integram o Mercosul,
apresentaram com toda a clareza nossa visão no que se refere à situação
no Paraguai. O que moveu a totalidade da América do Sul foi o
compromisso inequívoco com a democracia”, afirmou. “Nossa perspectiva é
que o Paraguai normalize sua situação institucional interna para que
possa reaver seus direitos plenos no Mercosul”.
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