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sexta-feira, 10 de agosto de 2012


A greve dos servidores e o recado do PT sindical a Dilma

Num tempo em que alguns colunistas apostam na memória curta do leitor, procuro — não sou o único; apenas dos poucos — fazer o movimento contrário: aposto na sua memória. De resto, os textos ficam em arquivo, não é? Todos vocês sabem o que penso sobre direito de greve para servidores públicos. Sou contra! Já apanhei e apanho muito por isso, mas não posso fazer nada. A Constituição o garante? Eu sei! Disse que sou contra, não que é inconstitucional. E por que sou? Porque ela é um absurdo lógico, ora essa! Sabem o que é um servidor público? Uma parte de nós que trabalha para… nós! O “patrão” governo não produz um parafuso. Só consome os impostos dos que produzem parafusos, seja com o capital, seja com o trabalho. O único que paga o pato das greves do funcionalismo é o povo.
Vi ontem líderes de grevistas da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária a infernizar a vida dos coitados dos brasileiros nos aeroportos e estradas. Santo Deus! Temos uma das maiores cargas tributárias do mundo para enfrentar esse inferno! Pior: as coisas funcionam de tal sorte de ponta-cabeça em Banânia que há situações absurdas como a que vimos ontem: a greve da PF nos aeroportos consiste em TRABALHAR! Isto mesmo: a operação-padrão consiste em fazer excepcionalmente o que deveria ser feito todos os dias. Mas aí fica claro que faltam agentes. Adiante!
Na TV, uma patética Miriam Belchior tartamudeava uma resposta. Disse uma coisa fabulosa: “Algumas reivindicações são exageradas; outras são justas”. Huuummm…. Entendo que as “justas”, então, já deveriam ter sido atendidas, não é mesmo? Mais: há tempos havia sinais de que o movimento grevista poderia se espalhar. O governo ficou deitado em berço esplêndido.
Não que os salários sejam baixos, não! Ao contrário. Há categorias paradas que têm um rendimento que as coloca do cume da pirâmide salarial do país, lá onde estão não mais do que 10% dos trabalhadores. Curiosamente, os salários médios do setor privado brasileiro são muito distantes dos de países ricos. Mas o nosso funcionalismo, especialmente o federal, não faz vergonha na competição com economias algumas vezes maiores do que a nossa.
A situação se complicou para Dilma também em razão das disputas sindicais. Até outro dia, franjas do PSTU e do PSOL, que tentam consolidar uma central sindical alternativa, conduziam as paralisações que começavam a pipocar no funcionalismo. O esteio da CUT, que só assistia, é o funcionalismo público. Não teve jeito: a central foi levada a aderir. E agora chegamos a esse ponto.
Lula governou num tempo de vacas gordas e concedeu ao funcionalismo tudo o que ele pediu. E sempre fez questão de deixar claro que o fazia porque, afinal de contas, nunca antes na história destepaiz… Vocês conhecem a cascata. A “catchiguria” entende agora que Dilma tem de ceder. A ala sindical do PT hesitou em entrar no movimento porque tinha um receio aqui, outro ali. Se entrou, não duvidem, é porque teve o sinal verde do comando do partido. Também de Lula? Por que não?
Não chega a ser, assim, uma conspiração contra Dilma, mas é um recado. Afinal, essa gente não se conforma de não ter no comando o seu líder natural.
Por Reinaldo Azevedo

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