Advogado de Dirceu, que usou apenas 45 minutos dos 60 que tinha, entrega um novo texto ao Supremo insistindo na inocência do cliente
Ai,
ai… Eu tinha achado fraca, como sabem, a defesa que José Luís de
Oliveira Lima fez de José Dirceu. Pelo visto, ele também — só alguns de
seus muitos amigos na imprensa a consideraram o “ó” do borogodó. Ele
dispunha de uma hora para defender seu cliente. Usou apenas 45 minutos. E
agora fez o quê? Resolveu entregar ao STF um novo texto com refutações —
que poderiam ter sido feitas diante dos ministros, ora essa!
Ele
conhece o processo e conhecia a peça acusatória do procurador-geral. A
parte que diz respeito a seu cliente em particular não tomou mais do que
sete ou oito minutos de leitura. Ele teve uma hora para rebater o que
lhe concernia. E apresentou aquilo que se viu. Passados alguns dias,
decidiu redigir a sua “Defesa do B”. Tomo isso, claro, como
reconhecimento de um mau desempenho. Mas também como mais uma maneira de
pressionar o Supremo não com o que está nos autos, mas com o que está
fora dele. Esse documento adicional é uma forma de tentar chamar a
atenção para o que seria uma grave injustiça com Dirceu.
Ah, sim:
no documento, destaca-se mais uma vez que Delúbio tinha autonomia no PT.
Olhem para o ex-tesoureiro… Ele não leva jeito mesmo de ser o grande
cérebro da turma? Leiam o que informa Fausto Macedo no Estadão.
A defesa
de José Dirceu protocolou na quinta-feira, 9, no Supremo Tribunal
Federal um apelo derradeiro contra os argumentos da Procuradoria-Geral
da República nos autos do mensalão. Os advogados do ex-ministro-chefe da
Casa Civil – réu pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção
ativa – tentam, nesse texto, refutar ponto a ponto os indícios apontados
pela acusação. Eles sustentam que trechos do memorial entregue pela
Procuradoria aos ministros da Corte contêm “omissões incompreensíveis”.
A petição
dos defensores de Dirceu, também denominada memorial, chega às mãos dos
11 ministros do Supremo na etapa mais importante do julgamento, a apenas
uma semana do início da votação — no próximo dia 16 os magistrados
começam a ler seus votos. O primeiro será lido pelo relator, Joaquim
Barbosa.
José
Dirceu é apontado pela Procuradoria-Geral como mentor de “sofisticada
organização criminosa” que teria sido montada para cooptação, mediante
pagamentos mensais a parlamentares, em troca de apoio na votação de
reformas promovidas pelo governo Lula.
“Basta
notar que, contra José Dirceu, o único testemunho judicial que consta
dos memoriais da PGR é o de Virgílio Guimarães (ex-deputado PT-MG), que
de tão vago e genérico nem sequer pode ser considerado um elemento
indiciário dos fatos em apuração”, assinala o documento, subscrito pelos
criminalistas José Luís Oliveira Lima e Rodrigo Dall’Acqua.
Segundo a
defesa do ex-ministro, “praticamente todo o memorial da PGR é
constituído por citações de material probatório sem nenhuma relação com
José Dirceu, como laudos contábeis, depoimentos de sacadores e recibos
de saques”. Os advogados buscam desqualificar o peso do relato do
ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), delator do mensalão, arrolado como
testemunha-chave pelo Ministério Público Federal contra o ex-ministro.
“Os memoriais da PGR elencam pequenos trechos de interrogatórios de
alguns corréus, como por exemplo, Roberto Jefferson”.
A defesa
insiste na tese de que a procuradoria amparou seu memorial quase
exclusivamente em dados obtidos fora do âmbito judicial, ou seja, na
fase de inquérito da Polícia Federal e durante a CPMI dos Correios. “A
PGR ignorou sumariamente toda a farta prova testemunhal, construída sob o
crivo do contraditório (instrução do processo no STF), que rebate e
infirma todos os trechos dos interrogatórios citados.”
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