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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012


Tio Rei em ritmo de Carnaval: Siri na Lata e outros descansos

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Pois é… Dizem os adversários que sou ruim da cabeça, né? Mas é provável que até os amigos arrisquem um “doente do pé”. Isso quer dizer que não sou, assim, um folião arretado. E, pra ser franco, esse “Carnaval” pra turista me irrita um tantinho. E faço como boa parte das pessoas:. procuro fugir dos sempre muito aborrecidos sambas-do-crioulo-doido, histórias que, na avenida, têm pé, têm cabeça e têm corpo — só não têm sentido… Não explicassem os comentaristas da Globo os arcanos contidos naquele festival de lantejoulas, ninguém entenderia absolutamente nada! Uma simples palavra do samba-enredo pode render uma ala na escola…
Mau folião, hesitei um tantinho quando o jornalista e publicitário Ricardo Carvalho, que comanda o bloco Siri na Lata, de Pernambuco, me convidou para o baile anual, em Recife, que aconteceu na sexta passada. Vocês viram que sumi por quase três dias, né? O homenageado deste ano era o dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues — pernambucano, sim, senhor! — que faria 100 anos neste 2012. Uma das convidadas de honra da festa foi a atriz Sônia Braga, estrela de um dos maiores sucessos do cinema nacional, A Dama do Lotação, filme inspirado na obra de Nelson.
Pois é… Fui, vi e gostei.
Ainda que dançando o frevo, assim, àquela moda paulista, né, balançando o corpo fora do ritmo, um tanto timidamente — o que, imagino, pode levar um ou outro observadores a concluir: “Lá vai mais um incompatível com a alegria” —, eu me diverti bastante. Estava rodeado de pessoas amigas, de São Paulo e de Pernambuco.
Sem querer me atrever a fazer sociologia ligeira, uma coisa me surpreendeu positivamente no baile do Siri na Lata, ocorrido no Clube Português — surpresa certamente derivada de minha ignorância específica. Salvo uma marchinha ou outra e até alguns rocks do Legião Urbana — cantados com energia por uma multidão estimada em mais de 6 mil pessoas —, o que se toca em Pernambuco é frevo e ponto! Sim, queridos, isto ao menos eu sabia: a prevalência do frevo na cultura local. Chamo a atenção para o fato de que músicas jamais executadas em rádios de alcance nacional ou que nunca foram parar em redes de TV são cantadas a plenos pulmões pelos pernambucanos. Frevos antigos ou novos, eles sabem tudo. Parece existir no Estado uma espécie de cultura de resistência também à pasteurização do Carnaval. Hoje em dia, convenham, pouco importa onde se esteja, lá vêm as três notas de sempre (só o ritmo varia um pouquinho) com o apelo: “Tira o pé do chãããooo!” Axé, sertanejo universitário ou samba-pagode, tudo é sempre o mesmo tatibitate… “Tira o pé do chãããõoo.”
O que vi no baile do Siri na Lata foi outra coisa. Descobri, por exemplo, que a melodia pode resistir mesmo em músicas de Carnaval. E os pernambucanos são muito ciosos do seu frevo, das particularidades de sua cultura. E isso é bom de ver. Assim, agradeço publicamente o convite que me foi feito por Ricardo Carvalho, um leitor e comentador freqüente deste blog, dos melhores, e a todos os pernambucanos, que nos trataram — a mim, dona Reinalda e mais um casal de amigos jornalistas, também de São Paulo — com cordialidade e afeto.
Um sábado feliz
Na própria sexta, almoçamos com os jornalistas Jamildo Melo (Blog de Jamildo), do Diário do Commércio, Valdecarlos Alves (Folha de Pernambuco) e Felipe Andrade (assessor de imprensa do Siri na Lata), além de Paulo Brás, produtor da festa. sempre escoltados por Ricardo, que nos arrastou para um almoço na sua casa, no sábado, sob a supervisão competente, alegre e hospitaleira de Bete e Carol,  sua mulher e filha, respectivamente. Entre os convivas, o ex-governador do estado e senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), dos poucos com tutano para fazer oposição, e o ex-deputado Raul Jungmann (PPS) — que eu gostaria de ver na Prefeitura de Recife.
À noite, passeamos pelas ruas de Olinda, seguimos a “troça” pelas vielas coloniais e jantamos num restaurante primoroso, chamado Oficina de Sabores — um peixe na moranga inesquecível. No domingo, um encontro inesperado com o ex-deputado e ex-ministro Fernando Lyra, um papo divertidíssimo. Lyra deixou para a história uma definição impecável de José Sarney: “vanguarda do atraso”. Fica aqui o meu abraço aos queridos amigos de Pernambuco, que nos propiciaram um agradabilíssimo fim de semana. O que mais se pode querer além da mulher amada, dos amigos e da boa mesa? Um pouco de poesia? É justo! Não faltou.
Neste Carnaval
Queridos, o Carnaval está chegando. Sim, vou viajar, a produção tende a cair — inclusive a produção de fatos, né? —, mas não estarei de todo desligado do blog. Passem por aqui de vez em quando. Tudo vai depender de a conexão 3G não pregar aquelas peças que vocês conhecem muito bem, né? Se a mediação de comentários demorar um pouquinho, vocês entenderão: estarei ensaiando alguns passos de dança…

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