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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A doce vida dos líderes


Do Correio Braziliense
A disputa pelo cargo às vezes é fratricida, mas quem chega à posição de líder no Congresso costuma gostar da doce vida de que desfruta. Não são poucas as vantagens. Do partido, do governo ou da minoria, o status dá ao deputado bem mais do que só 15 minutos de fama. Uma vez líder, ganha destaque na imprensa, influência entre a bancada e prestígio com o Palácio do Planalto. Governadores e prefeitos também costumam ser interlocutores constantes. Além de ser o responsável por comunicar o voto de todos os parlamentares de sua sigla ou bloco, dispõe de um rol de prerrogativas que lhe garante livre acesso à tribuna e mais poder no dia a dia do Congresso, sem contar os gabinetes maiores e os servidores extras à disposição. Mas está enganado quem pensa que a vida de líder é só moleza.
“O líder é a parte mais visível de uma enorme engrenagem de toda a bancada e da assessoria técnica da liderança”, resume o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), que foi líder dos tucanos em 2011. A missão realmente não é para os que só vêm a Brasília duas vezes na semana. Como o líder representa um grupo grande de parlamentares, deve estar disponível o maior tempo possível. Isso vale tanto para a oposição quanto para aliados. “O líder de oposição é intensidade, vigilância e disponibilidade imediata. Tem que estar sempre crítico e ter desprendimento”, explica Nogueira. Um cochilo de lado ou do outro pode fazer com que o governo aprove projetos que não interessam à oposição, ou que ministros sejam convocados pela oposição para depor sobre escândalos.
O acesso fácil à tribuna talvez seja um dos maiores atrativos. Para se ter ideia da visibilidade que o cargo traz, oito dos dez parlamentares apontados como os mais influentes no Congresso em 2011 pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) são líderes. Um deles, o do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), é considerado mais influente até do que o veterano senador José Sarney (PMDB-AP).
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), admite que essa projeção é a cereja do bolo. “O espaço da liderança é um espaço de projeção política. Projeção na mídia e projeção perante o Executivo.” E isso vale muito. Afinal, poucos parlamentares têm acesso ao Palácio do Planalto, e menos ainda à própria presidente. Além de Jucá e Vaccarezza, só o senador José Pimentel (PT-CE), líder do governo no Congresso, participa às segundas-feiras da reunião de gestão que a presidente faz com os ministros mais próximos.
Poder de indicação
O poder no cotidiano do Congresso também é grande. É o líder que indica à Mesa Diretora da Casa os membros da bancada que vão compor comissões, podendo, a qualquer tempo, substituí-los. O assento no Colégio de Líderes, em que os representantes de todos os partidos se reúnem para decidir a agenda de votações das duas casas, também pesa. Afinal, é a chance para os líderes marcarem posição e se fazerem ouvir, o que vale ouro, principalmente para partidos pequenos.
A estrutura que as lideranças usufruem também não é pouca. De acordo com o tamanho de seus partidos, podem requisitar servidores do quadro funcional e contratar outros em Cargos de Natureza Especial. Além de manter seu gabinete original, recebem outro, com salas para reunião e para assessores.
Por ser tão cobiçado, é difícil permanecer muito tempo como líder. Partidos ou bases rachados podem minar em poucas semanas a estabilidade. Presidente do DEM, o senador Agripino Maia (RN), líder do partido durante anos, é sucinto ao descrever o que mantém um parlamentar na posição. “Tem que ter capacidade de unificação. Perdeu isso, está fora.”

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