Horas antes da explosão de base na Antártida, a revelação de que governo brasileiro escondeu naufrágio de embarcação carregada com combustível
Ontem,
às 23h, poucas horas antes da explosão na base brasileira da Antártida,
que deixou dois mortos, Sérgio Torres noticiava no Estadão Online
o que segue. Sim, “acidentes acontecem” - e acontecem com mais
freqüência, é evidente, quando se cometem erros. No caso em questão,
vocês verão, cinco ministérios se uniram para esconder uma ocorrência
grave. Leiam:
Uma chata
(embarcação de fundo chato usada para transporte de carga) rebocada pela
Marinha afundou em dezembro no litoral da Antártida com uma carga de 10
mil litros de óleo combustível. Poluente, o produto não vazou, mas
está a 40 metros de profundidade e a 900 metros da praia onde fica a
Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira no continente. Um
compartimento dentro da embarcação armazena o diesel.
O naufrágio
vem sendo mantido em sigilo tanto pela Marinha quanto pelos ministérios
que integram o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) - Meio Ambiente,
Ciência e Tecnologia, Relações Exteriores e Minas e Energia e Defesa.
Não houve vítimas no acidente. O Brasil é signatário de tratados de
preservação ambiental na Antártida e, portanto, se comprometeu a não
poluir o continente.
Sem
divulgação oficial por parte do governo, chega na próxima semana à Baía
do Almirantado, onde a chata foi a pique, os navios de socorro Felinto
Perry, da frota da Marinha, e Gulmar Atlantis, contratado pela
Petrobrás. O Felinto Perry é especializado em resgate de submarinos,
além de outras operações complexas.
Mergulhadores
da Petrobrás, treinados para atuar em acidentes que envolvem vazamentos
nas estruturas de exploração e produção de petróleo, participarão da
tentativa de resgate. O planejamento prevê o içamento da chata por boias
e guindaste, para que o gasoil artic (combustível anticongelante
produzido pela Petrobrás para a ação brasileira na Antártida) possa ser
retirado do meio ambiente antes que comece a vazar. É uma operação
considerada de risco, por causa do clima inóspito da região.
(…)
A chata servia à Estação Antártica. Cabia a ela transportar para a terra os combustíveis líquidos trazidos pela Marinha para o abastecimento da base. O gasoil artic permanece armazenado em 17 tanques. Por ano, a estação consome 320 mil litros de óleo, empregados em geração de energia e aquecimento interno e da água, indispensáveis em ambientes cuja temperatura pode ficar abaixo de -30°C.
(…)
O resgate da chata não tem data marcada. Dependerá das condições climáticas. Há uma semana, nevascas cobriram com uma camada de pelo menos 1 metro de altura solo da enseada da Ilha Rei George, sede da base nacional. Os ventos superiores a 100 quilômetros por hora impediram os cientistas de realizar trabalhos de campos. Tiveram de ficar confinados.
(…)
Conhecido como Protocolo de Madri, o Tratado da Antártica para Proteção ao Meio Ambiente, em vigor desde 1998, torna o continente reserva natural destinada à ciência. O tratado proíbe até o ano de 2047 a exploração econômica dos recursos minerais e regulamenta e controla a presença humana no local.
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A chata servia à Estação Antártica. Cabia a ela transportar para a terra os combustíveis líquidos trazidos pela Marinha para o abastecimento da base. O gasoil artic permanece armazenado em 17 tanques. Por ano, a estação consome 320 mil litros de óleo, empregados em geração de energia e aquecimento interno e da água, indispensáveis em ambientes cuja temperatura pode ficar abaixo de -30°C.
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O resgate da chata não tem data marcada. Dependerá das condições climáticas. Há uma semana, nevascas cobriram com uma camada de pelo menos 1 metro de altura solo da enseada da Ilha Rei George, sede da base nacional. Os ventos superiores a 100 quilômetros por hora impediram os cientistas de realizar trabalhos de campos. Tiveram de ficar confinados.
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Conhecido como Protocolo de Madri, o Tratado da Antártica para Proteção ao Meio Ambiente, em vigor desde 1998, torna o continente reserva natural destinada à ciência. O tratado proíbe até o ano de 2047 a exploração econômica dos recursos minerais e regulamenta e controla a presença humana no local.
O artigo 3.º
do protocolo estabelece que as atividades na Antártida sejam
“organizadas e executadas com base em informações suficientes que
permitam avaliações prévias e uma apreciação fundamentada de seu
possível impacto no meio ambiente antártico e dos ecossistemas
dependentes e associados”.
Caso o
diesel vaze, o acidente com a chata poderá ser interpretado pela
comunidade internacional como um desrespeito ao protocolo, por falta de
planejamento e pelo uso de processo tido como obsoleto.Para os
cientistas, um sistema de dutos - que não foi implantado na base
brasileira - seria o ideal para transportar combustível entre as
embarcações e os tanques.
(…)
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