Mensalão – Oposicionistas reagem à nova denúncia — gravíssima — feita por Roberto Jefferson
Na
manhã desta quinta, reproduzi parte da entrevista que Roberto Jefferson
concedeu ao Estadão. Ele faz uma nova denúncia — se querem saber, ela
consegue ser ainda mais grave do que o mensalão. Segundo disse, o então
líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-P) fez-lhe uma oferta
em 2005: o governo indicaria um policial federal para fazer uma
investigação de mentirinha para livrar a sua cara no relatório. Ele só
precisaria pôr um ponto final às denúncias.
Se Jefferson
falou a verdade — as denúncias do mensalão se comprovaram —, o governo
Lula lhe ofereceu o uso de uma instituição do estado — a Polícia Federal
— para beneficiar o governo e um partido. Notem que ele não fala de
modo genérico e vago: dá nome! Diz que a proposta lhe foi feita por
Chinaglia, que não é um qualquer: exerce também hoje o cargo de líder do
governo na Câmara. Vai ficar calado? Vai fazer de conta que nada
aconteceu? O caso caracteriza Crime de Responsabilidade. “Não dá mais
para depor Lula, Reinaldo!” Eu sei! Se aconteceu, temos claro o grau de
comprometimento do governo com aquelas falcatruas.
Oposicionistas
reagiram à notícia. Leiam o que informa o Estadão. Ainda volto a esse
assunto, comentando uma declaração da ministra Carmen Lúcia, do Supremo.
Por Débora Bergamasco:
Parlamentares de oposição consideraram “grave” a informação do presidente do PTB, Roberto Jefferson, de que em 2005 o então líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o procurou para propor um acordo que lhe salvaria o mandato em troca do silêncio sobre o escândalo do mensalão. Pela proposta, divulgada nesta quinta-feira, 19, pelo Estado, seria nomeado um “delegado ferrabrás” (faz-de-conta) para o processo aberto na Polícia Federal contra Jefferson, ao qual caberia opinar pelo não indiciamento.
Parlamentares de oposição consideraram “grave” a informação do presidente do PTB, Roberto Jefferson, de que em 2005 o então líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o procurou para propor um acordo que lhe salvaria o mandato em troca do silêncio sobre o escândalo do mensalão. Pela proposta, divulgada nesta quinta-feira, 19, pelo Estado, seria nomeado um “delegado ferrabrás” (faz-de-conta) para o processo aberto na Polícia Federal contra Jefferson, ao qual caberia opinar pelo não indiciamento.
Além de
recuar da denúncia de que havia um processo de pagamento mensal de
parlamentares no governo, Jefferson deveria ser substituído na
presidência do PTB pelo então ministro do Turismo, Walfrido dos Mares
Guia. O ex-deputado que acabou cassado, disse que não aceitou a oferta
porque “viveria de joelhos, sairia pela porta dos fundos”. Chinaglia
confirmou ao Estado que de fato foi à casa de Jefferson, mas negou ter
feito uma proposta para o acordo. “Se existiu essa conversa, não foi
comigo”, disse o deputado petista.
No PPS, o
clima é de “eu já sabia”. “Não me surpreendo porque estão até agora
tentando usar do lícito e do ilícito para encobrir o mensalão. Com
empenho amplo, total e irrestrito do PT”, afirmou o deputado Roberto
Freire (SP), presidente do partido, que completou: “A novidade é a
participação também do Chinaglia. É um personagem novo em uma história
velha”.
Crente na
palavra do petebista, o deputado Sergio Guerra (PE), presidente do PSDB,
fez um apelo para que a denúncia contra Chinaglia seja levada em
consideração. “Tudo o que Jefferson falou até hoje foi comprovado.”
O deputado
federal ACM Neto (DEM-BA) destaca a tentativa de uso escuso da Polícia
Federal no episódio. “O grave do fato é quando Chinaglia oferece colocar
um ”delegado ferrabrás” que poderia manipular o processo do Roberto.
Vê-se aí mais um movimento do dedo forte do governo que usa o aparelho
do Estado brasileiro para a defesa de interesses políticos do PT”.
Já o
deputado Chico Alencar (RJ), líder do PSOL na Câmara, pediu cautela.
Afirmou que, Jefferson, o delator do mensalão, “mistura mentiras com
verdades” e, por isso, Chinaglia deveria desafiá-lo a comprovar suas
declarações. Mas admitiu: “Se essa proposta indecorosa de fato
aconteceu, é um fato gravíssimo, que revela relações inadequadas,
mostrando mais um indício de que o mensalão não é uma história de ficção
como os petistas tentam colocar”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário