Defesa admite que Maluf, o aliado de Haddad, tem dinheiro em Jersey
Por Jamil Chade, no Estadão:
Advogados da offshore Durant admitiram em documentos entregues à Justiça de Jersey que a família de Paulo Maluf controlava contas na ilha britânica do Canal da Mancha. Admitiram ainda que o próprio Maluf recebeu “comissões” nessas contas. Os papéis foram anexados ao processo no qual a Prefeitura de São Paulo tenta recuperar US$ 22 milhões que diz terem sido desviados de obras da gestão Maluf, entre 1993 e 1996.
Advogados da offshore Durant admitiram em documentos entregues à Justiça de Jersey que a família de Paulo Maluf controlava contas na ilha britânica do Canal da Mancha. Admitiram ainda que o próprio Maluf recebeu “comissões” nessas contas. Os papéis foram anexados ao processo no qual a Prefeitura de São Paulo tenta recuperar US$ 22 milhões que diz terem sido desviados de obras da gestão Maluf, entre 1993 e 1996.
A admissão
dos advogados desmonta a versão sustentada por Maluf há anos, de que ele
não tem contas no exterior. A conclusão do processo, prevista para a
quarta-feira, 18, acabou adiada para o dia seguinte a pedido da defesa.
Em 1.º de novembro de 2010, documento anexado pelos advogados da
offshore diz que Maluf “tinha interesse” na Durant. O papel acabou
substituído em 15 de março de 2011. O nome de Maluf foi suprimido. Os
advogados citaram, então, Flávio Maluf, filho do político. “Admite-se
que o sr. Flávio Maluf era o diretor da Durant e da Sun Diamond
Limited”, escreveram os advogados, citando duas offshores.
Os advogados
da Durant, porém, sustentam que o dinheiro nas contas do paraíso fiscal
era originado de “negócios legítimos”. Um dos pagamentos que foram
parar numa conta em Jersey, segundo os advogados, se referia a uma
comissão recebida pelo ex-prefeito após ele intermediar a venda de
empresas. Já os advogados da Prefeitura sustentam que o dinheiro é de
corrupção: foi enviado a Jersey nos anos 1990, em rota que incluía a
Mendes Júnior, empreiteira que ajudou a construir a Avenida Águas
Espraiadas (rebatizada de Jornalista Roberto Marinho), doleiros e contas
em Nova York, nos EUA. Para a prefeitura, está clara a estratégia de
defesa de Maluf: ela reconhece que o dinheiro e as contas existiam, mas
insiste que, no máximo, o ex-prefeito cometeu evasão fiscal, o que não
seria crime suficiente para que Jersey devolvesse os ativos aos cofres
brasileiros. O paraíso fiscal está disposto a colaborar em casos de
corrupção, mas não evasão fiscal. Apesar de a conclusão do julgamento
sobre os valores congelados na ilha estar previsto para hoje, o juiz
Howard Page deverá dizer apenas nas próximas semanas se aceita ou não a
devolução do dinheiro ao Brasil.
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