Mercadante recorre à metáfora do parto para justificar infraestrutura precária das universidades federais, a herança maldita de Haddad
O
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, é dono de juízos sempre muito
singulares. Mal tinha assumido a pasta, afirmou, ao justificar os
vazamentos das provas do Enem, que a pasta não tinha culpa de… o Brasil
ser grande demais! Sugeri, à época, que ele assumisse o Ministério da
Educação em Tuvalu.
Agora,
diante da greve que toma conta de boa parte das universidades federais,
que enfrentam problemas óbvios de infraestrutura, ele faz uma outra
abordagem bastante particular. São as “dores do parto”. Ah… Mercadante
admite que o festejado crescimento do setor se deu à custa da qualidade e
que a infraestrutura é deficiente.
E, por
óbvio, ele acha que nada disso é motivo para greve. Eu não mudei meu
ponto de vista, não! Eu continuo a ser contra a paralisação de
servidores públicos, entenderam? Quem costuma ser a favor é o PT. Na
USP, a mais equipada universidade do país, o partido apoia todas as
greves.
E que se
registre: há pouco tempo no cargo, Mercadante enfrenta os problemas da
péssima gestão de Fernando Haddad, o grande elemento ausente dessa
história. Quando é que vão ligar a obra à pessoa? Até outro dia, corria
esgoto a céu aberto da Universidade Federal Rural de Pernambuco, em
Garanhuns, terra de Lula. Não sei se já resolveram o problema. Se algum
aluno de lá quiser me contar, é só entrar na área de comentários. Leiam
reportagem de Carolina Freitas, na VEJA Online:
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O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, comparou os problemas de infraestrutura vividos por universidades federais às “dores do parto” por que passam, é claro, gestantes no momento derradeiro, mas também os países que crescem em ritmo acelerado. A melhoria da estrutura das federais esteve na pauta da entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira na sede do MEC, em Brasília, pois está entre as reivindicações dos docentes em greve desde o último dia 17 - segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), 70% das universidades estão paradas. Os professores pedem ainda plano de reestruturação da carreira e aumento do piso salarial.
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O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, comparou os problemas de infraestrutura vividos por universidades federais às “dores do parto” por que passam, é claro, gestantes no momento derradeiro, mas também os países que crescem em ritmo acelerado. A melhoria da estrutura das federais esteve na pauta da entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira na sede do MEC, em Brasília, pois está entre as reivindicações dos docentes em greve desde o último dia 17 - segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), 70% das universidades estão paradas. Os professores pedem ainda plano de reestruturação da carreira e aumento do piso salarial.
Para
minimizar os problemas estruturais, Mercadante recordou também os tempos
de estudante, quando cursou a Faculdade de Economia da Universidade de
São Paulo (USP), na década de 1970. “Quando fui para a USP, o campus
tinha acabado de ser transferido para a Cidade Universitária. As
condições eram muito precárias. Os prédios da geologia, veterinária e
ciências sociais eram chamados de barraco: de madeira e cobertos com
telhas”, contou.
Os problemas
estruturais das federais - aulas em contêineres, na Universidade
Federal Fluminense, e falta de hospital-residência em faculdade de
medicina do campus de Macaé da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
por exemplo - são “marginais diante do volume de obras que fizemos”,
disse Mercadante. De acordo com o ministro, das 3.427 obras previstas
pelo Reuni, 1.894 foram entregues, 844 estão em execução, 560, em
planejamento e licitação, 34 foram paralisadas e 83, canceladas. Neste
ano será investido no programa 1,4 bilhão de reais.
O ministro
defendeu que as obras sejam inauguradas ainda que não haja condições
para funcionamento pleno dos cursos. “O Brasil tem urgência de formar
profissionais, tem déficit de médicos e engenheiros, por exemplo. Temos
1,8 médico para cada 1.000 habitantes. Em Cuba, esse número é de 6,4
médicos”, disse. E arrematou: “É um privilégio um aluno poder entrar
numa universidade pública.”
Greve sem
razão - Além de minimizar os problemas estruturais, o ministro afirmou
que, do ponto de vista das questões salarial e de carreira, não há
razões para a paralisação dos docentes. “Não me lembro de nenhuma greve
semelhante, sem razão de ser”, disse. Mercadante, vale lembrar, foi
fundador, nos anos de 1980, do Andes, que agora capitaneia a
paralisação.
A
argumentação do ministro toma como base um acordo firmado entre o MEC e
as entidades de professores universitários no final do ano passado. O
documento previa reajuste de 4% nos salários a partir de março de 2012,
incorporação de gratificações aos salários e a apresentação, até março
passado, de um novo plano de carreira que passaria a valer em 2013.
Estava acordada ainda a aprovação de um projeto de lei que autoriza o
Ministério da Educação a contratar docentes para dar suporte à expansão
da rede de ensino.
A tramitação
do projeto de lei está atrasada no Congresso. Ele foi aprovado na
Câmara, mas ainda precisa ser votado no Senado. Mercadante disse que vem
pedindo celeridade aos parlamentares. O reajuste salarial também está
atrasado devido aos trâmites no Congresso. Foi preciso que o governo
editasse uma medida provisória nesta semana para garantir o aumento, que
sairá em junho, retroativo a março.
Sobre a
formulação do plano de carreira, o ministro explicou que a morte de um
funcionário do Ministério do Planejamento que liderava as negociações, o
secretário de recursos humanos Duvanier Paiva Ferreira, atrasou os
procedimentos. Duvanier morreu em janeiro após sofrer um infarto. “O
atraso não traz nenhum prejuízo material para os docentes porque estamos
tratando de uma nova carreira para 2013″, disse.
De acordo
com o ministro, os trabalhos já foram retomados pelo Planejamento e a
proposta do governo, prometida para março, será apresentada em julho. “O
prazo legal é final de agosto. O prazo político pode ser inferior a
isso”, alfinetou Mercadante, que chamou a atenção para o fato de o Fórum
de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes)
não ter aderido à greve.
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