Inadimplência do consumidor voltou a subir em abril, revela BC
Por Maeli Prado, na Folha:
A inadimplência aumentou em três das quatro categorias de financiamento ao consumidor monitoradas pelo Banco Central no mês passado, com destaque para os calotes nos empréstimos para a compra de veículos. O cenário reflete, na avaliação de especialistas, o elevado comprometimento dos salários — em março, 22,3% da renda das famílias era direcionada todos os meses para o pagamento de dívidas.
A inadimplência aumentou em três das quatro categorias de financiamento ao consumidor monitoradas pelo Banco Central no mês passado, com destaque para os calotes nos empréstimos para a compra de veículos. O cenário reflete, na avaliação de especialistas, o elevado comprometimento dos salários — em março, 22,3% da renda das famílias era direcionada todos os meses para o pagamento de dívidas.
O pico do
indicador ocorreu em outubro de 2011, quando esse percentual foi de
22,4% (era de 15,5% em janeiro de 2005). Os dados mostram que quase 6%
do total financiado para carros não foi quitado no mês de abril. No
crédito pessoal a inadimplência subiu de 5,3% em março para 5,5% em
abril. Em aquisições de outros bens, o aumento do calote foi de 12,9%
para 13,4%. “Houve alta quase generalizada da inadimplência”, observou
Mariana Oliveira, da consultoria Tendências. “É preocupante. Já
esperávamos um alívio do calote, pois renda e emprego estão bem.”
Para o
economista Wermeson França, da LCA, a situação é consequência do alto
montante de financiamentos já tomados pelo consumidor: “Os estímulos só
devem ter reflexo mais para a frente, quando o efeito desse
comprometimento se dissipar”. Na opinião de Túlio Maciel, chefe do
Departamento Econômico do BC, a tendência é de desaceleração da
inadimplência: “No caso de veículos, a inadimplência reflete o boom do
crédito em 2010. A postura mais conservadora dos bancos é importante
para melhorar a qualidade do crédito”, disse o economista. Os dados
mostraram também que as novas concessões de crédito cresceram 6% por dia
em abril ante março (8,1% no caso de consumidores, e 4,6% no caso de
empresas).
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