Calígula dava ordens à Lua e lhe fazia ameaças; Lula redesenha a Terra. Ou: O Apedeuta, como Saturno, decidiu engolir a própria cria
Vejam esta imagem.
É Saturno engolindo uma de suas crias, na versão terrificante de Goya. Por que está aqui? Vamos lá.
Lula é um
logólatra. Mas não é fissurado num “logos” qualquer. Ele também é um
“Lulólatra”. É apaixonado pelo som da própria voz. Às vezes, a gente
nota, ele se deixa encantar pela complexidade do próprio pensamento, que
alcança sempre altitudes ignotas. Foi assim, por exemplo, quando
refletiu sobre a conveniência de a Terra ser quadrada, não redonda. Vale
a pena rever.
Num
programa da VEJA.com, lembrei essa diatribe astrometafísica de Lula e
uma outra frase sua não menos sensacional, quando demonstrou certa
invejinha de Dilma porque ela teria tido a sorte de suceder a alguém
como ele…
Já
identifiquei a doença de Lula, que o citado Freud não teve tempo de
diagnosticar. É a SIPP (Síndrome da Inveja do Próprio Pênis). Lula se
ama de tal sorte que adoraria ser… Lula, como Narciso que mergulha em
busca da própria imagem. Certos governantes têm dessas coisas.
Lembrei
aqui certa feita como Suetônio caracterizou o imperador Calígula em “Os
Doze Césares”. Leiam um trechinho que traduzi (em azul). Vale a pena:
(…)
Mas lhe disseram que era superior a todos os príncipes e reis da Terra, e então começou a atribuir a si mesmo a divina majestade. Fez trazer da Grécia as estátuas dos deuses mais famosos (…) entre elas a de Júpiter Olímpico, da qual cortou a cabeça para substituir pela sua própria. Estendeu até o Fórum uma ala de seu palácio e transformou o templo de Castor e Pólux num pátio, sentando entre os dois irmãos, oferecendo-se à adoração da multidão. Alguns o saudavam como Júpiter Latino. Teve, para a sua divinização, o seu próprio templo, sacerdotes e as oferendas mais raras. Nesse templo, podia-se contemplar sua estátua de ouro (…). As vítimas sacrificadas a este deus eram flamingos, pavões, codornas, galinhas da Numídia, galinhas d’angola, faisões — a cada dia uma espécie diferente.
À noite, quando a Lua estava cheia, ele a convidava a vir receber o seu abraço e a compartilhar seu leito. Durante o dia, mantinha conversações secretas com Júpiter Capitolino, falando-lhe algumas vezes ao ouvido (…). Em outras, falava ao deus com arrogância e em voz alta. Certa vez, ouviram-no dizer a Júpiter em tom de ameaça: “Prove o seu poder ou tema o meu!”
(…)
(…)
Mas lhe disseram que era superior a todos os príncipes e reis da Terra, e então começou a atribuir a si mesmo a divina majestade. Fez trazer da Grécia as estátuas dos deuses mais famosos (…) entre elas a de Júpiter Olímpico, da qual cortou a cabeça para substituir pela sua própria. Estendeu até o Fórum uma ala de seu palácio e transformou o templo de Castor e Pólux num pátio, sentando entre os dois irmãos, oferecendo-se à adoração da multidão. Alguns o saudavam como Júpiter Latino. Teve, para a sua divinização, o seu próprio templo, sacerdotes e as oferendas mais raras. Nesse templo, podia-se contemplar sua estátua de ouro (…). As vítimas sacrificadas a este deus eram flamingos, pavões, codornas, galinhas da Numídia, galinhas d’angola, faisões — a cada dia uma espécie diferente.
À noite, quando a Lua estava cheia, ele a convidava a vir receber o seu abraço e a compartilhar seu leito. Durante o dia, mantinha conversações secretas com Júpiter Capitolino, falando-lhe algumas vezes ao ouvido (…). Em outras, falava ao deus com arrogância e em voz alta. Certa vez, ouviram-no dizer a Júpiter em tom de ameaça: “Prove o seu poder ou tema o meu!”
(…)
Como não
ver, assim, o ímpeto de Calígula no homem que resolve meter os pés na
porta do governo e roubar da presidente a coordenação política? Cortou a
cabeça dela; pôs a dele no lugar. Ele é assim.
60 dias calado
Pois é… O ególatra, logólatra e lulólatra, desta feita, está mudo — mas não parado. Há 60 dias, observa Jean-Philip Struck na VEJA.com não diz uma palavra sobre o Rosegate, por exemplo, aquele rumoroso caso que pôs Rosemary Nóvoa Noronha, a sua “amiga íntima”, no centro de um azeitado esquema de corrupção instalado na… Presidência da República. Não fala a respeito, mas tem ouvido muito, especialmente no ambiente doméstico, o que é compreensível.
Pois é… O ególatra, logólatra e lulólatra, desta feita, está mudo — mas não parado. Há 60 dias, observa Jean-Philip Struck na VEJA.com não diz uma palavra sobre o Rosegate, por exemplo, aquele rumoroso caso que pôs Rosemary Nóvoa Noronha, a sua “amiga íntima”, no centro de um azeitado esquema de corrupção instalado na… Presidência da República. Não fala a respeito, mas tem ouvido muito, especialmente no ambiente doméstico, o que é compreensível.
O homem
que já fez digressões sobre as vantagens de a Terra ser um quadrilátero
se dedica agora a criar um novo regime político no Brasil: o “Lulismo
Mitigado”. Ele até topa dividir o poder com Dilma: ela fica com a parte
chata — ver se o governo desempaca —, e ele, com a coordenação política.
Lula não gosta mais da criatura que gerou e decidiu, como Saturno,
engoli-la. Como no mito, teme que que surja alguém mais forte que ele.
Haverá alguém de peito para fazê-lo engolir uma pedra? Não sei.
Uma coisa é
evidente e certa: Lula decidiu tomar à força o governo de Dilma
Rousseff. Deixa claro, assim, que nem mesmo a legitimidade popular que
ela tem — eleita que foi — e que pode ser referendada pelo povo, se
reeleita, supera a autoridade natural daquele que, a exemplo de
Calígula, se sente com força para interferir nas esferas celestes.
Lula deixa
claro, assim, o apreço que tem pelo mandato popular. Convenham: isso
não é estranho à sua trajetória. Passou 16 anos — oito como oposição e
oito como governo — tentando destruir a reputação de FHC, que tinha
sido, afinal, eleito pelo povo.
Saturno, como Carcará, pega, mata e come.
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