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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


O Obama e o adeus às armas – Presidente apoia projeto para limitar a venda de armas de assalto. Ou: É possível proibir a loucura?

Já escrevi um longo texto sobre o massacre havido na escola Sandy Hook, nos Estados Unidos, e a campanha que invariavelmente se segue a eventos assim em favor do controle de armas. É muito mais difícil comprar uma arma legal no Brasil do que nos EUA; aquele país oferece opções que não estão ao alcance, por aqui, de homens de bem, como fuzis, por exemplo. Naquele país, os homicídios por 100 mil habitantes estão na casa dos 4 por 100 mil (4,2); no Brasil, é de 26 — quase seis vezes a mais. Por lá, pode haver um excesso de armas legais; por aqui, há um excesso de armas ilegais. Em 2010, pouco mais de 8 mil americanos morreram vítimas de armas de fogo; em Banânia, foram 35 mil!
Ocorrências como a de Sandy Hoock nada têm a ver com a venda de armas ou a facilidade para adquiri-las. Sem a maluquice — tenha ela o nome técnico que tiver, os especialistas decidam —, não se faz um  massacre com aquelas características.
Obama está pegando carona no caso — e é evidente que deve estar sinceramente consternado. Quem não estaria? Na prática, a Constituição do país proíbe que o estado proíba alguém de ter uma arma para se defender, mas é evidente que algum controle é possível. Tornar ilegal a venda das chamadas “armas de assalto”, ainda que não impeça casos como o de Sandy Hook, faz sentido em si.  Fuzis e armas semiautomáticas para autodefesa parecem um óbvio exagero. Talvez Obama consiga impor algum limite, vamos ver.
Chamo, uma vez mais, atenção para outro aspecto. Mesmo na era da Internet, mesmo em tempos em que a rede opera online, a imprensa, especialmente a TV, tem de estabelecer uma espécie de Código de Ética para cobrir eventos dessa natureza. Esses psicopatas não podem ganhar o destaque que ganham. Até onde alcanço, pessoas com esse perfil sonham com a “assinatura” num grande evento, numa grande tragédia. Não sei exatamente qual seria a receita. Como está, não pode ficar. Isso é mais importante do que proibir isso ou aquilo. Infelizmente, ninguém pode pôr a loucura na ilegalidade. Dificultar que o louco consiga um fuzil ou uma arma automática, no entanto, parece-me moralmente correto. Segue o texto da VEJA.com.
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O presidente Barack Obama deu apoio, nesta terça-feira, a uma nova legislação sobre o controle de armas nos Estados Unidos, inclusive o projeto de lei proposto pela senadora democrata Dianne Feinstein, depois do massacre ocorrido em uma escola primária de Connecticut na sexta passada. De acordo com o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, Obama expressou seu respaldo à iniciativa, que pretende proibir a venda e a posse de armas de assalto, como as semiautomáticas com carregadores removíveis.
“O presidente apoia os esforços da senadora Dianne Feinstein para reinstaurar a proibição das armas de assalto”, indicou Carney em entrevista coletiva. Ele acrescentou que Obama é a favor de uma nova legislação que encare problemas como o chamado “vazio legal das armas” e outras questões, como a dos carregadores de arma de ampla capacidade. Os senadores Dianne Feinstein, da Califórnia, e Chuck Schumer, de Nova York, anunciaram no domingo que vão apresentar um projeto de lei sobre o controle de armas assim que se constitua o novo Congresso, a partir de janeiro.
Apesar das declarações, Carney ressaltou que o problema das armas é complexo e “requer mais de uma solução”. “É preciso não só reexaminar nossas leis sobre armas e como as aplicamos, mas também envolver os profissionais da área de saúde mental, funcionários de segurança, educadores, pais e comunidades para encontrar soluções”, disse o porta-voz presidencial. Carney ainda repetiu as palavras de Obama, que já havia dito que os EUA como nação “não fizeram o suficiente para encarar o aumento de violência com armas no país”.
Mercado
Nesta terça, a empresa americana de investimentos Cerberus anunciou que vai vender sua participação na maior fabricante de armas do país, a Bushmaster, que fabrica o fuzil de assalto AR-15. A arma foi usada no massacre na escola de Connecticut. A decisão foi tomada devido à pressão de um de seus maiores investidores – o objetivo seria evitar entrar na discussão sobre o controle de armas. A Cerberus comprou a Bushmaster em 2006, além de outras fabricantes de armas, e fundiu todas no chamado Freedom Group, que agora está à venda.
Rifle
A Associação Nacional do Rifle, o maior grupo de defesa do direito a ter armas nos Estados Unidos, manifestou-se pela primeira vez sobre o massacre nesta terça-feira. A organização afirmou que está “pronta para oferecer contribuições significativas” para prevenir futuros atos como o registrado em Newtown.
“A Associação nacional do Rifle é composta de quatro milhões de mães e pais, filhos e filhas – e nós ficamos chocados, entristecidos e abalados com as notícias sobre o terrível e sem sentido massacre em Newtown”, afirmou a organização em comunicado. A NRA (pela sigla em inglês) tradicionalmente faz lobby contra propostas apresentadas nas câmaras legislativas que defendam mais restrições ao direito de possuir e portar armas.
Por Reinaldo Azevedo

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