O Obama e o adeus às armas – Presidente apoia projeto para limitar a venda de armas de assalto. Ou: É possível proibir a loucura?
Já escrevi um longo texto sobre o massacre havido na escola Sandy Hook,
nos Estados Unidos, e a campanha que invariavelmente se segue a eventos
assim em favor do controle de armas. É muito mais difícil comprar uma
arma legal no Brasil do que nos EUA; aquele país oferece opções que não
estão ao alcance, por aqui, de homens de bem, como fuzis, por exemplo.
Naquele país, os homicídios por 100 mil habitantes estão na casa dos 4
por 100 mil (4,2); no Brasil, é de 26 — quase seis vezes a mais. Por lá,
pode haver um excesso de armas legais; por aqui, há um excesso de armas
ilegais. Em 2010, pouco mais de 8 mil americanos morreram vítimas de
armas de fogo; em Banânia, foram 35 mil!
Ocorrências
como a de Sandy Hoock nada têm a ver com a venda de armas ou a
facilidade para adquiri-las. Sem a maluquice — tenha ela o nome técnico
que tiver, os especialistas decidam —, não se faz um massacre com
aquelas características.
Obama está
pegando carona no caso — e é evidente que deve estar sinceramente
consternado. Quem não estaria? Na prática, a Constituição do país proíbe
que o estado proíba alguém de ter uma arma para se defender, mas é
evidente que algum controle é possível. Tornar ilegal a venda das
chamadas “armas de assalto”, ainda que não impeça casos como o de Sandy
Hook, faz sentido em si. Fuzis e armas semiautomáticas para autodefesa
parecem um óbvio exagero. Talvez Obama consiga impor algum limite, vamos
ver.
Chamo, uma
vez mais, atenção para outro aspecto. Mesmo na era da Internet, mesmo
em tempos em que a rede opera online, a imprensa, especialmente a TV,
tem de estabelecer uma espécie de Código de Ética para cobrir eventos
dessa natureza. Esses psicopatas não podem ganhar o destaque que ganham.
Até onde alcanço, pessoas com esse perfil sonham com a “assinatura” num
grande evento, numa grande tragédia. Não sei exatamente qual seria a
receita. Como está, não pode ficar. Isso é mais importante do que
proibir isso ou aquilo. Infelizmente, ninguém pode pôr a loucura na
ilegalidade. Dificultar que o louco consiga um fuzil ou uma arma
automática, no entanto, parece-me moralmente correto. Segue o texto da
VEJA.com.
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O presidente Barack Obama deu apoio, nesta terça-feira, a uma nova legislação sobre o controle de armas nos Estados Unidos, inclusive o projeto de lei proposto pela senadora democrata Dianne Feinstein, depois do massacre ocorrido em uma escola primária de Connecticut na sexta passada. De acordo com o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, Obama expressou seu respaldo à iniciativa, que pretende proibir a venda e a posse de armas de assalto, como as semiautomáticas com carregadores removíveis.
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O presidente Barack Obama deu apoio, nesta terça-feira, a uma nova legislação sobre o controle de armas nos Estados Unidos, inclusive o projeto de lei proposto pela senadora democrata Dianne Feinstein, depois do massacre ocorrido em uma escola primária de Connecticut na sexta passada. De acordo com o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, Obama expressou seu respaldo à iniciativa, que pretende proibir a venda e a posse de armas de assalto, como as semiautomáticas com carregadores removíveis.
“O
presidente apoia os esforços da senadora Dianne Feinstein para
reinstaurar a proibição das armas de assalto”, indicou Carney em
entrevista coletiva. Ele acrescentou que Obama é a favor de uma nova
legislação que encare problemas como o chamado “vazio legal das armas” e
outras questões, como a dos carregadores de arma de ampla capacidade.
Os senadores Dianne Feinstein, da Califórnia, e Chuck Schumer, de Nova
York, anunciaram no domingo que vão apresentar um projeto de lei sobre o
controle de armas assim que se constitua o novo Congresso, a partir de
janeiro.
Apesar das
declarações, Carney ressaltou que o problema das armas é complexo e
“requer mais de uma solução”. “É preciso não só reexaminar nossas leis
sobre armas e como as aplicamos, mas também envolver os profissionais da
área de saúde mental, funcionários de segurança, educadores, pais e
comunidades para encontrar soluções”, disse o porta-voz presidencial.
Carney ainda repetiu as palavras de Obama, que já havia dito que os EUA
como nação “não fizeram o suficiente para encarar o aumento de violência
com armas no país”.
Mercado
Nesta terça, a empresa americana de investimentos Cerberus anunciou que vai vender sua participação na maior fabricante de armas do país, a Bushmaster, que fabrica o fuzil de assalto AR-15. A arma foi usada no massacre na escola de Connecticut. A decisão foi tomada devido à pressão de um de seus maiores investidores – o objetivo seria evitar entrar na discussão sobre o controle de armas. A Cerberus comprou a Bushmaster em 2006, além de outras fabricantes de armas, e fundiu todas no chamado Freedom Group, que agora está à venda.
Nesta terça, a empresa americana de investimentos Cerberus anunciou que vai vender sua participação na maior fabricante de armas do país, a Bushmaster, que fabrica o fuzil de assalto AR-15. A arma foi usada no massacre na escola de Connecticut. A decisão foi tomada devido à pressão de um de seus maiores investidores – o objetivo seria evitar entrar na discussão sobre o controle de armas. A Cerberus comprou a Bushmaster em 2006, além de outras fabricantes de armas, e fundiu todas no chamado Freedom Group, que agora está à venda.
Rifle
A Associação Nacional do Rifle, o maior grupo de defesa do direito a ter armas nos Estados Unidos, manifestou-se pela primeira vez sobre o massacre nesta terça-feira. A organização afirmou que está “pronta para oferecer contribuições significativas” para prevenir futuros atos como o registrado em Newtown.
A Associação Nacional do Rifle, o maior grupo de defesa do direito a ter armas nos Estados Unidos, manifestou-se pela primeira vez sobre o massacre nesta terça-feira. A organização afirmou que está “pronta para oferecer contribuições significativas” para prevenir futuros atos como o registrado em Newtown.
“A
Associação nacional do Rifle é composta de quatro milhões de mães e
pais, filhos e filhas – e nós ficamos chocados, entristecidos e abalados
com as notícias sobre o terrível e sem sentido massacre em Newtown”,
afirmou a organização em comunicado. A NRA (pela sigla em inglês)
tradicionalmente faz lobby contra propostas apresentadas nas câmaras
legislativas que defendam mais restrições ao direito de possuir e portar
armas.
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